O texto com o título “A Vocação
do Mundo”, de Virgilio Gaudie Fleury, para o jornal goiano – da cidade de Goiás – A Voz do Povo, de 24 de dezembro de 1933, parece ser a apresentação – ainda que
tímida – do ideário integralista nos periódicos da Província de Goyaz.
Pois somente em 25 de
fevereiro de 1934, no Cine Progresso, dessa cidade de Goyaz, se realiza a primeira reunião
integralista, em que tomam parte na mesa, além do acadêmico Virgilio Gaudie
Fleury, o grande entusiasta da doutrina do Sigma em território goiano, o senhor
Zoroastro Artiaga, e o Dr. Benjamin
Vieira, primeiro chefe provincial do Sigma em Goiás.
Nossos esforços tem sito em
tentar levantar os números do jornal integralista que circulou nessa cidade a
partir de 1934 com o nome de SIGMA, e posteriormente, A Província de Goiaz, em
que colaboraram João da Silva Pimenta, Sebastião Dantas de Camargo Junior, Olegário
Antunes e tantos outros.
Mas enquanto não temos acesso ao periódico
integralista da Província de Goiás vamos disponibilizar alguns artigos de
integralistas goianos na imprensa local e nacional.
E o primeiro é esse texto de
Virgilio Gaudie Fleury, precursor da publicidade do Sigma:
A Vocação do Mundo
Virgilio Gaudie Fleury
(Especial para “Voz do Povo”)
Quem observar, sem preconceito
ou parti pris, as tendências do mundo
moderno; quem auscultar imparcialmente os acontecimentos da hora presente; quem
sentir e compreender as angustias e as inquietações das turbas famintas que
abalam as fibras mais intimas da estabilidade social, terá que concluir,
necessariamente, que a vocação da humanidade é para um remodelamento completo
das instituições liberais que não mais satisfazem os imperativos da época
atual. O liberalismo, filho dileto da Revolução Francesa, não resiste ao
formidável movimento de renovação social que, na sua arrancada grandiosa, vai
pulverizando os mitos políticos que os racionalistas haviam erigido em ídolos
intangíveis.
A visão genial de Oswaldo
Spengler no magistral livro “A Decadência do Ocidente”, já previu o declínio da
civilização liberal democrática, cujo crepúsculo melancólico começa a desiludir
os mais ardorosos individualistas. O fracasso do liberalismo não poderia
surpreender todos os que conhecem as suas fontes históricas e filosóficas. Jean
J. Rousseau foi, incontestavelmente, o patriarca do liberalismo; a sua influência
decisiva no movimento revolucionário de 89, inspirou quase todas as
constituições dos países cultos. O filosofo francês foi um grande visionário.
Viu a sociedade como produto de um contrato social repousado na vontade livre e
soberana dos homens. O liberalismo, portanto, não poderia ter vida longa, pois
se a sociedade é um contrato social voluntario, em qualquer tempo os homens
poderiam desfaze-lo.
Além da inconsistência
filosófica – que inspirou Karl Marx no seu distrato
social – o individualismo pretendeu arrancar do coração humano o seu mais
belo apanágio – a religião.
Os racionalistas, seccionando o
conceito de homem com o Infinito, entronizaram a ridícula deusa-razão – filha
da vaidade fantasiada de cultura.
Os resultados do triunfo
liberal-democrático, em nossos dias, são os mais tristes: - a carnificina de
1914, os sem trabalho, as ameaças constantes de guerras, a miséria e a
dissolução dos costumes, eis os mais eloquentes argumentos da falácia liberal.
Felizmente se esboça, como
verdadeira avalanche, uma cruzada salutar que começou a inundar o mundo já
descrente da panaceia lantejoulante dos enciclopedistas. Mussolini, salvando a
Itália das garras do comunismo e da anarquia desvendou aos olhos das multidões
o panorama grandioso e sem par da doutrina totalitária, que repousa na
colaboração e convivência das classes.
O fascismo, que apresenta hoje
exemplar obra de consolidação social, é o maior desmentido à teoria comunista
que prega a luta de classes e o antagonismo do trabalho e do capital. A vitória
de Hitler na Alemanha, Oliveira Salazar em Portugal, Mustafa Kemal na Turquia,
rasga novos horizontes ao idealismo combalido da humanidade.
A vocação integralista avassala
povos e nações, raças e indivíduos. É uma ideia em marcha, portanto,
incontestável.
O materialismo – agnóstico ou
comunista – agoniza, pois a mocidade, que é a alvorada dos mais radiosos
sentimentos, saberá cumprir o seu dever, batalhando pela estupenda Revolução
Espiritualista.
Goyaz, 18 de dezembro de 1933.
“Voz
do Povo. Anno VII, Goyaz, domingo, 24/12/1933,
nº 309”.